Nasci praticamente dentro de um salão de beleza. Minha mãe dividia o tempo entre tesouras e mamadeiras e sempre fui acostumada com esse ambiente. Nunca outra pessoa cortou meu cabelo ou me fez depilação. Faço as unhas nos horários que não atrapalha as clientes e ouço de muitas pessoas "ai, como eu queria ter uma mãe cabeleireira".
Sim, de fato, é ótimo. Apesar de que casa de ferreiro... E santo de casa... Mas não é sobre isso que é o post. Todos sabem que em salão, o que mais tem é conversa fiada. E eu achava que era só isso, mas nesses últimos meses, pra levantar uma graninha e não ficar tanto tempo coçando, tenho ajudado minha mãe e percebi que a tal conversa fiada vai muito mais além do que imaginava.
Ela chega cansada, correndo, dá um oi geral e senta pra fazer as unhas. Coloca a bolsa do lado e dá uma desculpa qualquer pela unha quebrada. A partir daí, começa a sessão. Fala-se sim sobre o que tá passando na tv e o que aconteceu no Big Brother, mas as pessoas usam esses momentos para principalmente, desabafar. Contar sobre o filho que anda meio sem jeito, o marido que andou galinhando por aí, os pais que enchem o saco demais.
Acredito que a função mais importante da minha mãe e das manicures é ser boa ouvinte. Elas proporcionam às pessoas aquilo que elas mais querem: sentirem-se mais bonitas e verem realizado aquele momento unicamente dedicado a elas mesmas. E aproveitam pra desabafar, pra dividir as inúmeras alegrias e sentem que alguém está dando atenção. Acho que até, devido à situação, elas ficam mais suscetíveis a aceitar conselhos.
Quantas pessoas eu já não vi entrar pela porta de um jeito e sair pelo menos uns 20 kilos mais leve. Algumas dão uma passadinha e fica claro, que elas só queriam um ouvido e a verdade, que elas sabem, mais tem dificuldade de aceitar. Visitar a cabeleireira ou fazer as unhas vira de repente uma deliciosa terapia. Por isso eu acho que isso aqui é muito mais que um salão de beleza.
Admiro demais o trabalho da minha mãe. Ela consegue realmente deixar as pessoas mais bonitas. E segundo ela, a satisfação não tem preço. Não conheço ninguém que goste tanto de trabalhar como ela.
Legends from the Sky (2015)
Há 9 anos
2 comentários:
Nossa quecoisa, eu tb tenho de certo modo cresci em uma salão de cabelereiros, e olha só, não virei viado, hehehe. Mais meu pai, nem tanto meu irmão, era um pouco psicológo, acho que essa materia deveria ter na formação de um cabelereiro, hehehe.
É que o salão do seu pai provavelmente era mais frequentado por homens, Du... E homem, vc sabe, só desabafa no balcão do boteco... hahahahahaha
"Não conheço ninguém que goste tanto de trabalhar como ela."
Ora, eu!! =P
Postar um comentário