20 de fev. de 2008

Dia 20 de fevereiro

...sempre será um dia triste pra mim. Foi nesse dia, há exatos 2 anos que perdi meu avô.

Ele era um baixinho super forte. Apesar das pontes de safena, meu avô não recusava serviço. Trabalhava como alfaiate desde que chegou no Brasil, aos 18 anos. Mas seu trabalho mesmo era cuidas dos caprichos da minha avó, função muita bem exercida por ele. Além disso, ele ajudava a montar e desmontar guarda-roupa, subir uma parede ou colocar um piso. E passeava no shopping nos domingos pela tarde.

Não conheci outra pessoa que desse tanta risada assistindo Pica-pau. Até Chaves ele topava! Ele era super bem-humorado e sempre tinha uma boa piada a respeito da situação. Lembro quando ele fazia coelhinhos com guardanapo. E tenho que confessar, ele sempre me livrava das exigências da minha avó: “Ninoca, deixa a menina namorar quem ela quiser, ela não gosta de japonês, fazer o quê???”.

E ele sempre atendia os meus caprichos também. Já usei uma sandália feita por ele de pano, só porque eu queria criar uma nova moda. E ele também tentou me ensinar Italiano, o que não deu muito certo, já que a aula dele de Italiano era só em Italiano... Ele fazia mágica com imãs e eu ficava encantada com como o imã se mexia sozinho (mas era ele que mexia o outro embaixo da mesa).

Quantas vezes ele não me levou ao médico, já que meu pai trabalhava. E mesmo com febrão e sono, eu não conseguia não rir quando olhava pra ele com o cabelo liso todo bagunçado quando entrávamos na sala às 5 da manhã e o acordávamos porque não dava pra esperar mais pra ir ao médico. Ele ajudava nas compras do salão da minha mãe, tudo que precisávamos, ele que estava presente.

Corri no corredor da entrada da casa dos meus avós muitas e muitas vezes. Umas pra pular as baratas de verão, outras pra apostar corrida com meus primos. Mas sempre admirei o retrovisor que ele colocou na parede pra ver quem estava no portão. Engenhoso, meu avô, cheio de detalhes. E além da dele, ele garantiu em vida que os três filhos tivessem uma casa, pra que não houvesse confusão após a morte dele. Pena que não foi assim que aconteceu...

Tudo que ele pedia era pra não incomodar ninguém. E foi assim que ele se foi... Do nada, pra não incomodar ninguém. E eu que não sabia como ia reagir com a morte de alguém tããão querido, caí em um buraco escuro. E pela primeira vez na minha vida, não tive medo. Meu avô acreditava em mim de verdade, não era da boca pra fora. Tenho certeza que onde quer que ele esteja, ele me acompanha sempre. Lógico, quando não está passando Pica-pau...

Com certeza, foi dele que herdei a quelóide. Assim com a nacionalidade italiana e o gosto pelo macarrão. É dele que vem o Lepore e é em homenagem a ele que meu futuro filho se chamará Giovanni.

Bodas de Ouro / Aniversário dele de 72 anos

3 comentários:

Anônimo disse...

Fico triste por não ter o conhecido =(
Du

Tata disse...

=...(

Anônimo disse...

De pessoas boas a gente só guarda lembranças boas. =)